Amazonas inicia 2021 no pico de pandemia, diz especialista
A volta de atividades presenciais, eleições e festas de fim de ano são resultados dos diagnósticos positivos que continuam a crescer neste ano de 2021

Manaus - A cidade de Manaus que já chegou a ser o epicentro da mortalidade da Covid-19, pode voltar a repetir erros para contenção e prevenção da doença. A volta de atividades presenciais, eleições e festas de fim de ano são resultados dos diagnósticos positivos que continuam a crescer neste ano de 2021, conforme afirmou o epidemiologista da Fiocruz Amazonas Jesem Orellana.
“Entramos no mês de janeiro de 2021 no pico da pandemia, simplesmente por uma repetição de erros não apenas dos municípios, do Estado, mas da população em geral. Janeiro vai ser o novo pico da Covid-19 em Manaus”, ressaltou Orellana.

O epidemiologista pontuou que o alto número de infecções registradas no final de dezembro
são resultados de comércios ativos, eventos e festas clandestinas. “Esse
aumento que tivemos de infecções e casos graves com o final de dezembro tem uma
relação com a agitação do comércio, festas clandestinas, eventos sociais e o
período de compras do Natal. Precisamos lembrar que na verdade esse período
veio alimentado pelo mês de novembro, tivemos as eleições, em que as pessoas estavam
circulando e contribuindo para o aumento das taxas na pandemia”, explicou.
Leitos em hospitais públicos e privados já demonstraram esgotamento. O Hospital Delphina Aziz, referência no atendimento da Covid-19, registrou 95 hospitalizações em único dia, maior número de internações desde maio, com 82 internações.
A rede estadual possui hoje 806 leitos exclusivos para paciente com Covid, divididos entre os Hospitais 28 de Agosto, Adriano Jorge, Getúlio Vargas, Platão Araújo e a particular Beneficente Portuguesa. Há ainda a possibilidade de habilitação de leitos do Hospital da Universidade Nilton Lins, que irá atuar como rede particular.
Além disso, de onze hospitais particulares na cidade, sete já não têm mais vaga nas UTIs, segundo Governo do Estado. O Hospital Adventista de Manaus, Check Up Hospital, e Hospital Santa Júlia estão entre os que atingiram capacidade de ocupação para internações da Covid-19.
Segundo a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), até a última quarta-feira (30), o Amazonas registrou mais de 1.369 casos da Covid-19, totalizando 199,570 mil casos da doença no estado. No total, foram confirmados 26 óbitos por Covid-19, sendo 10 ocorridos só na terça-feira (29). O Amazonas contabiliza um total de 5,2 mil mortes.
Decreto
O Governo do Amazonas chegou a publicar decreto sobre as medidas para enfretamento à Covid-19 no estado, porém, a decisão foi revogada após manifestação contra o fechamento do comércios e serviços não essenciais.

O infectologista afirmou que ainda com a prática do decreto, a rede assistencial de saúde entraria em colapso, complementou que a revogação possibilita o aumento do número de casos no estado.
“Com ou sem o decreto já teríamos esse problema de colapso da rede assistencial de saúde em Manaus. As pessoas que estão dando entrada nas unidades hospitalares são casos graves, temos todas as etapas até o momento do hospital. O decreto entrava no dia 26, portanto, depois do período mais crítico de transmissão da Covid-19. Com a revogação do decreto temos o esvaziamento do que poderia ter algum efeito da redução das taxas de mortalidade”, afirmou.
Após revogação, o governador Wilson Lima determinou no acordo entre o Governo do Estado e os representantes do comércio que, os estabelecimentos deveriam funcionar de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h (incluindo os vendedores ambulantes), aos sábados e domingos somente nas modalidades delivery e drive-thru.
Caminho da Vacina ao AM

O governador do Amazonas, Wilson Lima, alegou que o estado possui logística complexa e solicitou prazo um prazo mais curto ao ministério da Saúde, para a distribuição da vacina contra a Covid-19. Lima pretende que a vacinação seja feita no máximo em dois lotes, prevenindo indígenas e profissionais da saúde no interior do estado.
O Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19, prevê quatro grupos prioritários que somam 50 milhões de pessoas, que receberão duas doses em um intervalo de 14 dias entre a primeira e a segunda injeção.
O infectologista Marcus Lacerda explicou que o que pode ocorrer são eventos raros após a aplicação da vacina na população, mas isso não é peculiaridade da vacina contra Covid-19, pode ocorrer com qualquer vacina. "É essencial que caso a pessoa tenha problema de saúde, relate ao sistema de saúde para que seja informado ao fabricante, é a fármaco- vigilância, vigilância de eventos raros”, disse.
Plano do Governo para 2021

O governador Wilson Lima chegou a anunciar que a distribuição da vacina deverá ocorrer entre os meses fevereiro e março do próximo ano, já a distribuição deve ser coordenada pela Prefeitura.
Em coletiva de imprensa on-line, o novo prefeito David Almeida, afirmou que seu governo já está buscando alternativas para minimizar a pandemia no Amazonas.
“Estamos buscando alternativas para abrir mais leitos, solicitei testes para a população, nossa intenção é distribuir medicamentos para aumentar a imunidade da população e diminuir a infecção do vírus, mas tudo que estamos fazendo não irá fazer efeito se a população continuar saindo”, afirmou.
Além disso, salientou que apesar do governo colocar em prática ações para conter a pandemia, a população deve permanecer seguindo protocolos.
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