No AM, estudantes seguem com os estudos mesmo com adiamento do Enem
Alunos revelam como está a rotina de estudos para o Enem e divergem opiniões sobre o adiamento da prova
Manaus – O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciaram na quarta-feira (20) que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será adiado por 30 a 60 dias. Mesmo com a decisão, alunos finalistas continuam a rotina de estudos para prova e contam como estão lidando com o ensino durante pandemia.
Luíza Azevedo, 17 anos, está no último ano do Ensino Médio em uma escola da rede pública do estado do Amazonas e afirma que tem recebido muito apoio dos pais e dos professores durante o isolamento social “Estou tendo acesso a plataformas online que se tornaram gratuitas justamente para tentar ajudar os alunos que não tem condições financeiras de acessar conteúdos pagos”, conta.
Ela alega que a rotina, apesar de permeada por conteúdos, é infinitamente mais exaustiva durante a quarentena e com as formas de ensino à distância (EAD). “As aulas presenciais não são tão cansativas, mas estou buscando me adaptar a essa nova realidade que estamos vivendo”, revela.
A estudante é a favor do adiamento da prova do Enem porque acredita que existe uma grande desigualdade no acesso aos conteúdos e na infraestrutura para a maioria dos alunos da rede pública de ensino. “Acho que além dessa disparidade, onde uns tem melhores oportunidades, a questão psicológica também é um problema. Essa pandemia acaba mexendo com todos nós e isso dificulta a absorção de conteúdos, por exemplo”, explica.
Beatriz Medeiros, 17 anos, também é finalista, mas da rede particular. Ela afirma que está tentando manter sua rotina e se adaptando como pode as aulas online disponibilizadas pela escola. “Com certeza não é o mesmo que as aulas presenciais, porque a dinâmica com os professores é muito diferente”, relata.

A aluna acredita que, mesmo com a mudança sendo repentina e exigindo muito dos estudantes finalistas nesse momento, o modelo EAD poderá mudar completamente a forma de educar no futuro e a pandemia está influenciando o maior uso do método em questão. Segundo ela, esse aprendizado de agora pode ser um ganho para mais tarde.
Ao contrário de Luíza, Beatriz é contra o adiamento do vestibular. “Eu me preparo desde o início do Ensino Médio para o Enem e, apesar da pandemia, continuo estudando com dedicação e esforço. Esse adiamento é um desestímulo muito grande para mim. Além disso, as datas dos outros vestibulares que temos podem acabar coincidindo com as do Enem e podemos perder oportunidades”, esclarece.
Laís Maquiné, 16 anos, está no segundo ano do Ensino Médio na rede privada de ensino, mas vai fazer o Enem para treinar e reconhecer a prova antes de chegar ao último ano. “A responsabilidade é minha, então eu mesma acabo gerando certa pressão nos meus estudos. Estou tendo aulas EAD, mas está difícil ser produtiva como antes”, admite.

A jovem explica que o momento é delicado e manter a mesma produtividade é complicado. De acordo com ela, a cobrança dos professores não é a mesma e os incentivos muito menos. Por isso, ela se diz a favor do adiamento da prova.
“Se o MEC optasse por manter a prova no mesmo dia como se estivesse tudo sob controle, me sentiria muito frustrada. Eu não sou a única que está tendo dificuldades com produção e, até mesmo, com o psicológico ideal para fazer uma prova como essas. Além disso, muitos sequer têm acesso ao ensino online e não podemos fingir normalidade com isso”, declara Laís.
Adiamento do Enem
A prova, que estava prevista inicialmente para novembro, deve acontecer agora em dezembro ou janeiro de 2021. Em média, 5 milhões de candidatos participam do Enem. Até o momento, segundo o MEC, mais de 4 milhões fizeram a inscrição para o exame deste ano.

"Atento às demandas da sociedade e às manifestações do Poder Legislativo em função do impacto da pandemia do coronavírus no Enem 2020, o Inep e o MEC decidiram pelo adiamento da aplicação dos exames nas versões impressa e digital. As datas serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais", diz um comunicado oficial. A nota diz ainda que o período de inscrições para o exame segue inalterado. O prazo para cadastro termina às 23h59 desta sexta-feira (22).
Entidades estudantis, secretários de educação e reitores de instituições de ensino defendem o adiamento do exame sob a justificativa de que nem todos os estudantes têm condições sociais e financeiras de manter os estudos durante a pandemia ou nem sequer têm acesso às ferramentas necessárias para o ensino a distância, como celular e computador com acesso à internet.
Conheça o projeto que dará aula online e gratuita para vestibulares em Manaus

Apresentado pela Igreja Chama Church, o projeto social
surgiu em 2018, a partir da necessidade de incentivo aos jovens da própria
igreja a fazer o Enem e entrar para uma universidade no Amazonas e fora dele.
A coordenadora e também uma das professoras do grupo, Lídia Helena Mendes, 53 anos, conta que as aulas começaram de forma presencial, mas – com a chegada da pandemia – foram se adaptando ao mundo virtual. “Criamos um grupo no WhatsApp com os alunos que já tínhamos e passamos a encaminhar as atividades, leituras e aulas. A partir disso, pensando em expandir e oferecer aulas online a partir deste mês”, explica.
Lídia conta que os professores do grupo vêm da Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seduc), da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e, alguns, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) – nesse caso – alunos. Ela esclarece que todos são voluntários e buscam dedicar um pouco de seu tempo para compartilhar seus conhecimentos e habilidades com os alunos interessados.
O link para o acesso ao projeto ainda será criado, mas qualquer um que tenha interesse em participar, independentemente da idade, pode entrar em contato pelo número (92)8136-8858, pertencente ao coordenador do grupo, Lucas Freitas.