Após 25 mil demissões, restaurantes correm atrás do prejuízo
Expectativas são positivas, mas recuperação pode chegar somente em dezembro, segundo a Abrasel-AM
Manaus – Os restaurantes são um dos empreendimentos que mais sentiram os impactos negativos das medidas de contenção à pandemia da Covid-19 no Amazonas. Mesmo com as adaptações, mais de 25 mil funcionários foram demitidos dos restaurantes do Estado, nos últimos meses, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Amazonas (Abrasel-AM). A partir do dia 15 de junho os proprietários ganharam permissão para reabrir, contudo, dificuldades no faturamento ainda são uma realidade.
Dono do restaurante Casabranca, Soelyo Damascena, 50 anos, relata que durante a pandemia sentiu alguns os prejuízos e agora, finalmente começa a recuperar as perdas. “Nos preparamos muito bem para esse momento de reabertura. Fizemos um treinamento manual sobre atendimento e cuidados com os alimentos com os funcionários e organizamos o salão, fazendo as limpezas e as dedetizações necessárias”, explica.

Segundo ele, a primeira semana de retomada atendeu suas expectativas, com retorno progressivo. “Eu não achava que, logo de cara, iriamos lotar o espaço, pois o momento ainda é delicado. Muitos clientes ainda estão preferindo fazer os pedidos pelo aplicativo, solicitando pelo delivery”, explica.
Soelyo afirma que está sendo fácil reconquistar a clientela presencial, quando muitos já se acostumaram com os pedidos online, mas está estudando promoções e inovando seu cardápio para que seu restaurante consiga atrair o público novamente. “Sabemos que será gradativo, mas acreditamos que o pior já passou. Agora o foco são as inovações e segurança para os consumidores”, finaliza.

O casal Elenildo Aguiar, 37 anos, e Giselly Viana, 35 anos, proprietários do restaurante La Famiglia, passaram por dificuldades e não conseguiram reabrir na primeira semana. “Fizemos toda a adequação da equipe para retomar e combinamos que só atenderíamos casais, porque esse é o nosso público. Contudo, um acidente na cozinha nos deixou sem prazo para voltar”, conta Elenildo.
Ele diz que, durante a pandemia, foram obrigados a paralisar e passaram a ter vários problemas financeiros, pois os casais foram cancelando os eventos que tinham agendado para fazer no restaurante. “Agora é nossa chance de nos recuperarmos. Acredito que vamos conseguir lidar com as adversidades e iremos trazer nossos clientes de volta. O amor nunca sai de moda. Continuaremos com o atendimento personalizado”, assegura.

Gerente do restaurante Yakimix Delivery, Rellysonn Grandal, 32 anos, observa que, enquanto alguns restaurantes foram muito prejudicados, outros acabaram ganhando. “Soubemos nos adaptar. Estudamos o mercado e, durante a pandemia, continuamos atendendo nossos clientes por meio do aplicativo. Por isso, não sofremos com uma queda abrupta nas vendas”, afirma.
Além disso, Rellysonn relata que, com a retomada nos atendimentos presenciais, ele e a dona do restaurante, resolveram realizar uma reforma no empreendimento para prepara-lo com ampliações no cardápio, treinamento e capacitação da equipe de funcionários. “Nossa expectativa está grande, pois melhoramos o negócio e buscamos dicas e consultoria de especialistas na área para manter o restaurante funcionando com novidades”, explica.

Demissões em massa
Mesmo com as novas estratégias e adaptações, o setor sofreu grande aumento no número de demissões, de acordo com o presidente da Abrasel-AM, Fábio Cunha. Ele explica que, a alimentação fora do lar emprega 80 mil pessoas diretamente e desse total, mais de 25 mil funcionários foram demitidos.
Além disso, os prejuízos também se estenderam aos restaurantes que precisam fechar as portas definitivamente. “Vários fecharam por decreto estadual, mas muitos também fecharam as postar em definitivo. Calculamos que, a cada cinco restaurantes, um deles precisou encerrar os trabalhos de uma vez”, conta Fábio.

O presidente afirma que, para o ano de 2020, a expectativa era de um ótimo faturamento, uma vez que o setor tinha saído de uma crise anterior e estava começando a ganhar fôlego. Entretanto, a pandemia da Covid-19 chegou e os planos foram adiados. “É possível que nós consigamos recuperar o faturamento em dezembro, mas ainda assim é complicado. A reabertura está sendo muito lenta e agora temos várias preocupações com a readaptações a serem feitas”, encerra.
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