'Cesta Covid-19' impulsiona o mercado de higiene e beleza
Vendas de produtos de higiene e beleza crescem 2,8% em volume até maio, segundo Abihpec

Manaus - O mercado
de produtos de higiene pessoal e beleza registrou crescimento de 2,8% nas
vendas em volume e de 0,6% no faturamento nos primeiros cinco meses deste ano.
O crescimento foi puxado principalmente pelo que o setor está chamando de
“cesta covid-19”, um conjunto de itens que inclui álcool em gel, sabonetes e
lenços de papel. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Higiene
Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).
Só as vendas de álcool em gel
saltaram de 200 toneladas de janeiro a maio de 2019 para 6,3 mil toneladas em
igual período deste ano.
O crescimento foi percebido por algumas marcas. É o caso da NIVEA, que sem revelar os números exatos, afirmou cresceu em valor de duplo dígito, considerando o período de abril a junho deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado.
“O comportamento do consumidor sofreu muitas mudanças ao longo da pandemia e, principalmente, do isolamento social. Inicialmente o cuidado pessoal estava focado em higiene (sabonetes). Já em um segundo momento, com tantos impactos emocionais, as pessoas começaram a se preocupar em estar bem consigo mesmas. Entendendo isso, iniciaram a procura por produtos que cuidam da pele e promovem bem-estar, como os hidratantes faciais e corporais. Estes itens agora são entendidos e consumidos como formas de carinho e conforto”, destacou a Ligia Annunziato, Head de Trade e Marketing da NIVEA para Norte e Nordeste.

De acordo com a Ligia, no início da pandemia, os produtos mais vendidos foram de higiene básica, como sabonetes. Mas, durante abril a junho, hidratantes corporais NIVEA Milk e a latinha azul, o NIVEA Creme, ambos itens da tradicional linha azul, foram os mais vendidos. Além disso, tem um destaque para os cremes faciais nas versões Nutritivo, Antissinais e Noturno, grandes sucessos da marca.

Uma
das estratégias da NIVEA para continuar crescendo foi reestruturar todas as
ações e campanhas de comunicação levando em conta o principal foco: as pessoas.
“Com o distanciamento, as pessoas começaram a sentir falta de outras pessoas e do toque físico. E a NIVEA acredita na importância do toque na construção e no fortalecimento das relações humanas. Por isso, estamos no ar com uma campanha que fala sobre o toque de carinho e como ele ainda pode existir, mesmo à distância”, enfatiza Ligia.
Outra estratégia é que a empresa estreou uma nova campanha de cremes faciais que aborda o autocuidado. E ainda, para completar, a marca está com um olhar cada vez mais regionalizado, com foco nas regiões Norte e Nordeste, mercados com alto potencial de consumo e estratégicos para a marca.
Estratégia de digitalização da venda direta
A Natura também percebeu crescimento nos primeiros momentos do isolamento social com um incremento de consumo nas vendas de categorias consideradas essenciais, como sabonetes, desodorantes, shampoo e álcool em gel.

De
acordo com Maria Paula Fonseca, diretora de marca da Natura, para
manter a economia circulando, desde o princípio da crise, a marca reforçou a estratégia
de digitalização da venda direta e um sistema logístico seguro (com protocolos
de higiene reforçados).
“Nossas consultoras de beleza podem seguir com suas atividades de forma segura para os clientes. Entre as iniciativas, lançamos a revista digital interativa (que pode ser compartilhada por WhatsApp e capta pedidos on-line), igualamos a comissão de vendas do presencial com o canal digital, flexibilizamos datas de pagamentos de boletos e lançamos um fundo emergencial de amparo direcionados às consultoras mais vulneráveis”, explica.
Para a reabertura do varejo, a Natura está seguindo protocolos rígidos de atendimento para cuidar dos nossos colaboradores e consumidores e adotando novas práticas de venda. Todos os consultores de beleza das lojas foram orientados a sempre usarem máscara, realizarem o atendimento aos clientes respeitando a distância mínima de 1,5 metro de distância, além de utilizarem álcool em gel ao iniciar e finalizar um atendimento.
Impactos em algumas categorias

Eduardo Amiralian, CEO da
Phisalia (empresa dona de marcas como Trá Lá Lá, Lukinha e Physalis), destacou que a pandemia causou impactos em algumas
categorias de produto e o consumidor deu preferência para itens de higiene
pessoal, como sabonetes. “Isso foi claramente percebido nos primeiros meses.
Mas, agora em junho, já percebemos uma importante retomada. No mês, a Phisalia apresentou um crescimento de 15% com relação ao
mesmo período do ano passado”.
Os produtos da Phisalia que tiveram maior destaque foram o sabonete líquido e, também, o álcool gel, item que foi lançado dentro do portfólio da linha Trá Lá Lá no recente contexto da pandemia. A marca tem uma proposta vegana e sustentável e traz uma causa social focada em melhorar as relações entre as pessoas e promover a essência do bem por meio de produtos para corpo e cabelo.
Para o segundo semestre, Eduardo reforça que a empresa segue confiante com a recuperação do mercado, ainda que cautelosos em função das incertezas.
“Nos últimos meses, cerca de 95% do nosso portfólio foi renovado. A marca, que oferece um portfólio completo e variado de produtos de higiene que atendem às necessidades de crianças e bebês, teve suas embalagens renovadas e agora traz personagens que trabalham questões como a diversidade social”, revela.
Cenário em Manaus
Em Manaus, o mercado parou entre março e abril e começou a crescer a partir de maio, conforme diz Rodrigo Waugan franqueado da Boticário em Manaus. A marca teve que se reinventar de maneira muito rápida, como por exemplo, houve a necessidade do estudo do WhatsApp em virtude de uma melhor jornada para o consumidor.
“O crescimento foi algo positivo, mas não em todos os produtos de cosméticos. Por exemplo Perfumaria, autocuidados e álcool em gel foram os produtos que mais cresceram na pandemia, em virtude da necessidade do mercado, já que a limpeza é uma prioridade para os clientes. Já outros produtos como batom, caíram já que as mulheres estão usando muitas as máscaras”.

Para Rodrigo,
o setor maquiagem vai precisar se reinventar com o tempo, mas primeiro vai
precisar que as pessoas retirem as máscaras, ou seja, é preciso a criação da
vacina ou da erradicação da pandemia.
A principal estratégia é manter o cliente no centro. “Independe de onde ele estiver, nós vamos buscar estar. Eles podem comprar pelo whatsApp, e-commerce, em uma das nossas lojas físicas ou por meio de uma de nossas revendedoras”, destaca.
Mulher brasileira gasta R$1530 em maquiagem e cosméticos
Em média, a mulher brasileira gasta R$1530 em maquiagem e cosméticos todo ano. A descoberta é de uma nova pesquisa da Picodi, site de base dos códigos e cupons de descontos no Brasil. As entrevistas foram feitas on-line, em junho.
39% das mulheres compram um cosmético novo quando encontram uma promoção, enquanto 32% só fazem a compra quando o produto acaba. O fator preço é o mais importante na hora de comprar, seguido dos fatores marca, preferências pessoais e recomendações vindas de blogueiras e influencers da área.
A máscara é o item mais querido pelas brasileiras, seguido de batom/gloss e base.
Na comparação com outros países, as brasileiras gastam mais com cosméticos que argentinas, mexicanas, suecas e suíças, mas menos que espanholas, portuguesas, americanas e britânicas.
Mas não é toda mulher brasileira que gosta de maquiagem. 37% passa maquiagem todos os dias, enquanto 44% só usa maquiagem de vez em quando e 13,9% não usa maquiagem.
Fazer o bem

Uma das preocupações das
marcas foi se manter engajada na luta contra o coronavirus. A NIVEA doou 1,2 milhões de frascos de álcool gel junto a milhares de sabonetes e latinhas de NIVEA Creme, a icônica latinha
azul, para ajudar também na hidratação da pele.
A Phisalia doou mais de 40 mil itens de higiene pessoal e álcool gel para comunidades carentes e pessoas com vulnerabilidade social. Por meio da parceria com clientes, a Phisalia conseguiu capilarizar suas doações e beneficiou instituições mais distantes da sua sede em SP. entre os produtos doados, além do álcool gel – item que não fazia parte do portfólio da marca – estão sabonetes, shampoos, condicionadores, máscaras de tratamento e cremes dentais.
A Natura também realizou doações de sabonetes, álcool 70 e álcool gel. A empresa contemplou comunidades da Amazônia e estabeleceu parcerias com entidades do terceiro setor, como Cruz Vermelha e Médicos Sem Fronteiras, para garantir que populações mais vulneráveis sejam atendidas. Na América Latina, a empresa fez doações na Argentina, no Peru, na Colômbia, no Chile e no México.
Na frente de cuidado com as pessoas, entre outras ações, a Natura ampliou a oferta de serviços de telemedicina e apoio psicológico para todos colaboradores, força de vendas e trabalhadores terceirizados. Diante do aumento de casos de violência doméstica em meio à pandemia, Natura e Avon se uniram pelo movimento global #IsoladasSimSozinhasNão, lançado pelo Instituto Avon para identificar e reprimir casos de violência doméstica.
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