Amazonas tinha 681 mil trabalhadores na informalidade em junho
Das mais de 1,32 milhão de pessoas ocupadas no Estado, mais da metade delas são trabalhadores informais
Manaus - O número de trabalhadores informais já ultrapassa a metade do total de pessoas ocupadas no Amazonas. Em junho, das 1,32 milhão de pessoas com ocupação no Estado, o total de 681 mil estão na informalidade, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números demonstram que o volume de pessoas desocupadas saltou de 179 mil para 235 mil.
Em junho, o crescimento de trabalhadores informais em relação a maio foi de 40.000, o que fez a taxa de informalidade passar de 49,0% para 51,5%. No Brasil, o quadro trabalhista é marcado pela alta taxa de informalidade, ficando pouco acima dos 40% do total de empregados. Em 2019 e no início de 2020, eram mais de 38 milhões de pessoas trabalhando sem registro, de acordo com o IBGE.
Com a chegada pandemia da Covid-19, esse quadro acabou sendo agravado e uma das vítimas da informalidade foi Maria da Anunciação Pereira, 35 anos. Segundo ela, sua empresa precisou reduzir gastos para se manter e acabou tendo que renunciar alguns contratos de trabalho e modificar as condições de outros. “Passar por essa situação em meio à crise que estamos vivendo é complicado, pois acabamos sem respaldos legais que garantam nossos direitos”, evidencia.

No grupo de informais estão também os trabalhadores por conta própria. Entre junho (501 mil pessoas) e maio (498 mil) de 2020, houve aumento de 3.000 pessoas ocupadas nessa categoria. No Brasil, o trabalho por conta própria responde por cerca de metade dos empregos informais. São quase 20 milhões de pessoas que trabalham sem registro e sem chefes, dependendo de sua própria rotina para conseguir se manter, segundo o IBGE.
Alguns exemplos de pessoas que trabalham por conta própria informalmente são os motoristas de aplicativos de transporte e ciclistas de aplicativos de entrega. Nessa categoria também se encaixam vendedores ambulantes. Essas pessoas não têm amparos legais que garantam uma estabilidade em sua renda.
Contudo, para o motorista de aplicativo Hêmiton Pinheiro, 43 anos, o risco durante a pandemia é também uma realidade para os trabalhadores formais, pois as demissões estão aumentando cada vez mais. “Sabemos que essa pandemia abriu uma brecha grande pros empresários baixarem os salários e até mesmo reduzir o quadro de funcionários”, afirma.

Desocupados
O número de pessoas desocupadas saltou de 179 mil para 235 mil, fazendo a taxa de desocupação no Estado passar de 12,0%, em maio, para 15,1%, em junho. O salto foi 56 mil, representando uma porcentagem de 31,2%. Nesse contexto, o número de pessoas ocupadas que queriam trabalhar, mas não procuraram emprego por conta da pandemia caiu para 496 mil em junho, redução de 11,4% comparando com maio (560 mil).
O aumento do desemprego em 16,6%, de maio para junho, no Brasil, pode ser um dos responsáveis por esse salto nas pessoas desocupadas. Essa porcentagem equivale a 11,8 milhões e, mesmo com a perspectiva de melhora na economia, a tendência é que o número de desocupados no país continue a crescer nos próximos meses, avaliam técnicos do IBGE.

De acordo com o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, essa tendência de alta na taxa de desemprego existe porque o número de novos postos de emprego nos próximos meses vai atenuar, mas não vai superar ou compensar o contingente que vai voltar a buscar empregos em um cenário sem isolamento social.
Afastados
Embora tenha ocorrido uma redução de 26,1% no número de pessoas ocupadas e afastadas do trabalho, ainda permanece alto o número de afastados devido ao distanciamento social, sendo 202 mil pessoas. Dessas, 65 mil estão trabalhando na forma remota, uma redução de 22 mil pessoas ocupadas em relação a maio de 2020.
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