Mesmo com receio de segunda onda, comércio não deve parar no AM
Representantes do comércio amazonense, que apresentou alta de 19,7% nas vendas em julho, estão preocupados, mas não acreditam na volta da interdição
Manaus – Com o aumento na taxa de ocupação de leitos de UTI e clínicos para casos de Covid-19 no Amazonas, de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), e o receio de uma segunda onda no mercado especulativo, que apresentou forte queda de 1,3% na bolsa de valores brasileira, B3, na segunda-feira (21), representantes do comércio estão preocupados, mas não acreditam que o segmento será fechado novamente, prejudicando a economia.
Segundo a FVS-AM, registrou-se nos últimos dias um aumento da ocupação em 6% nos leitos públicos de UTI e 10% nos leitos privados.
Nos leitos clínicos, houve um crescimento de 20% de ocupação na rede pública e 30% na rede privada. Com isso, o complexo turístico da Ponta Negra voltou a ser interditado em Manaus, por meio de decreto assinado pelo prefeito Arthur Neto, buscando evitar uma segunda onda.
Cenário preocupa
O mercado e a população já temem o cenário e imaginam que o isolamento pode voltar a ser uma realidade, até mesmo no comércio. Para os representantes do comércio, o setor não é o culpado e as lojas não deverão ser novamente atingidas.
Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-Manaus), Ralph Assayag, desde que o comércio abriu as portas na capital, não houve crescimento nos casos.
Temos que ter todos os cuidados, mas não acredito que a economia irá parar novamente ou que as lojas voltem a ser fechadas. O que está acontecendo ao redor do mundo e aqui no Amazonas são situações diferentes, a bolsa de valores se trata de informações projetadas por pessoas que ganham em cima do valor do dólar, então é muito mais um cenário especulativo do que a realidade. "
Ralph Assayag, Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus
O motivo do aumento de casos seria, segundo ele, não a atividade econômica, mas as atividades de lazer que estão gerando cada
vez mais aglomerações.

Queda das Bolsas
A B3 fechou em queda de 1,32%, aos 96.990 pontos e volume financeiro
negociado na B3 de R$ 36,444 bilhões, acompanhando o desempenho das bolsas
internacionais.
O pessimismo se apresenta por conta das notícias de que o Reino Unido está considerando realizar um novo lockdown devido ao aumento no número de novos casos de coronavírus.
Na Europa, ainda houve a pressão adicional de um escândalo global que derrubou as ações de bancos.
Aglomerações
Para o presidente da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Ataliba David, o que se tem verificado são eventos que atraem grandes aglomerações e nenhuma precaução com os protocolos das autoridades de saúde no estado. De acordo com ele, isso preocupa os comerciantes que tem cumprido de maneira ordenada e com êxito as recomendações. “Precisamos identificar onde está o problema e punir esses indivíduos para que o comércio não seja prejudicado”, defende.

O comércio amazonense apresentou uma alta de 19,7% no volume de vendas em julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2019. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e demonstram que, no comparativo com o mês de junho deste ano, o crescimento foi de 5,5%.
Apreensão
De acordo com o economista e presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), Francisco de Assis Mourão Júnior, o mundo se assusta com o aumento nos casos de coronavírus e é normal que as pessoas pensem na possibilidade de uma segunda onda. “Estamos em um momento crucial, onde a movimentação da economia está voltando aos poucos e conseguimos observar um aquecimento no comércio. É preciso que o Governo e a Prefeitura observem como irão proceder”, salienta.
Classes média e alta
O governador do Amazonas, Wilson Lima, destaca que o monitoramento de indicadores da Covid-19 mostra que há aumento de casos nas classes média e alta, que refletem no aumento de internações na rede privada e que é resultado, principalmente, de aglomerações e descumprimento de regras de higienização e uso de máscara. “A gente observa o desrespeito por parte de algumas pessoas, de aglomerações, locais que são conhecidos aqui da nossa cidade, de ações que deveriam ser implementadas e não foram”, diz.
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