Movimentação no setor portuário do AM cresce 2,08% em 2020
Somente no ano passado, o Porto Chibatão, responsável por 80% das cargas que chegam até Manaus, movimentou 761.157 contêineres

Manaus – Apesar das implicações negativas da pandemia,
o setor portuário nacional apresentou um crescimento de 4,2% em 2020, com a
movimentação de 1,152 bilhão de toneladas, em relação a 2019, que contou com 1,104 bilhão. Os dados fazem parte do levantamento da Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq). Representante de um dos portos privados de Manaus, responsável por 80% das cargas do estado, revela que também houve um crescimento local.
Com a movimentação de 761.157 contêineres, o Porto Chibatão teve, em 2020, um crescimento de 2,08% na mobilização em águas nacionais, conhecida como cabotagem. Também foi possível detectar um aumento de 6,19% na circulação de importação. Cada cofre de carga usado nesse transporte, refere-se ao contêiner de 20 pés, média padrão para transportar cerca de 22,360 toneladas cada um.
Com essa capacidade, os componentes eletrônicos, gêneros alimentícios, insumos para motocicletas e bicicletas, materiais de construção e maquinários foram os produtos que tiveram mais movimentação, segundo a assessoria do Porto.
Por fazer parte de um dos dez Terminais de Uso Privativo (TUPs) de Manaus, o Porto Chibatão tem o foco em transportar contêineres do Polo Industrial de Manaus (PIM). Segundo a assessoria da Superintendência Estadual de Navegação, Portos e Hidrovias (SNPH) do Amazonas, o porto público da capital deixou de movimentar cargas desde 2012, fazendo apenas o transporte intermunicipal de passageiros.
Quem mora em Manaus, ou no interior do Amazonas, depende do transporte fluvial para levar seus produtos. Pelo menos é dessa forma que o proprietário de uma pequena fábrica de açaí, Robson Oliveira, 35, escoa a sua demanda. Produtor no município de Castanho, localizado no quilômetro 114, Oliveira envia desta maneira a sua mercadoria, de vinho e polpa de açaí, toda semana para a capital amazonense.
Em média, o produtor chega a vender 1,5 milhão de litros de açaí por ano para a capital amazonense, Manaquiri, Autazes e também para o município de Castanho e arredores. Mesmo fazendo parte do escoamento em sua caminhonete, com até 1.200 quilogramas, o maior volume é transportado por acesso fluvial. A balsa demora, em média, 18 horas para chegar em Manaus, percorrendo os 327 quilômetros.
Segundo Oliveira, por meio desse acesso, é possível enviar uma maior quantidade, não só para Manaus, mas para outras cidades do interior do estado. “Eu acho o trajeto até rápido, levando em consideração que posso enviar uma quantidade maior de açaí e existem muitas dificuldades em fazer o trajeto pela BR-319, principalmente nessa época de chuva”, salienta.
Obstáculos na pandemia
Mesmo com a falta de contêineres no mercado mundial, por conta da pandemia, esse problema não chegou até o Amazonas. No estado houve somente a necessidade de reajustar o funcionamento do trabalho para evitar a disseminação da Covid-19. Dessa forma, foi possível seguir com os serviços, segundo o diretor do Grupo Chibatão, Jhony Fidelis.
“A indústria e o comércio não recuaram frente ao momento delicado do mercado. Na realidade, buscam, cada vez mais, se adequar às regras para evitar a proliferação da Covid-19. Assim, como em vários outros segmentos econômicos, tivemos grandes desafios para manter e elevar nossos resultados em meio a pandemia, mas conseguimos", revela Fidelis.
De acordo com o economista Sóstenes Farias, o setor portuário contribui para o desenvolvimento econômico do estado, já que o acesso fluvial é a única forma de transportar as mercadorias, até a BR-319 ficar pronta. “Como principal corredor de transporte de cargas e de passageiros, as nossas vias fluviais ainda são, e por muito tempo ainda serão, a mola propulsora da economia, principalmente pelos entraves propositais que alguns da Fiscalização e de Proteção Ambiental nos impõe em relação a rodovia”, enfatiza.
Farias também relembra que é justamente pela região conter rios, como o Rio Amazonas, maior do mundo em extensão territorial e volume, que essas oportunidades são geradas para as indústrias do PIM ou mesmo para a produção agrícola e mineral.
Complexo Portuário
O levantamento mais recente sobre o Complexo Portuário de Manaus, divulgado em 2016, revelou que 119,16 milhões de toneladas foram movimentadas de 2010 a 2015. Nesse período, 2013 foi o que apresentou maior queda no volume de cargas, mas teve um crescimento até chegar em 2015, com 20,30 milhões de toneladas.
No total, 57,34% do volume correspondia as importações, contendo 11,64 milhões de toneladas, e 42,66% as exportações, com 8,66 milhões de toneladas. Já ao longo desses seis anos, dos 119,16 milhões de toneladas, 45,03 milhões referem-se ao volume de exportações e 74,07 milhões de cargas importadas.
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