Amazônia e críticas ao socialismo marcam discurso de Bolsonaro na ONU
Crítica a países como Venezuela e Cuba foi intensificada no começo da fala, mas Amazônia também foi tema de discurso de Jair Bolsonaro na ONU

O presidente Jair Bolsonaro falou por mais de 30 minutos
sobre "reestabelecer a verdade" e apresentar um novo Brasil em
discurso na assembleia geral das Nações Unidas (ONU) ontem (24) em Nova York,
nos Estados Unidos. Ele criticou Cuba e Venezuela e garantiu que a Amazônia
está "praticamente intocada".
"Apresento
aos senhores um novo Brasil que ressurge após estar à beira do
socialismo", garantiu o representante brasileiro. Bolsonaro culpou o
socialismo também pelos "ataques dos valores religiosos" e pela forte
corrupção no país.
Palco de uma das principais polêmicas no começo do governo,
a descontinuidade do projeto Mais Médicos foi considerada pelo presidente como
um momento em que o brasil deixou de "contribuir com a ditadura cubana".
O presidente garantiu que os
efeitos do socialismo na Venezuela já são sentidos pelos imigrantes
que vêm ao Brasil e que o país faz o possível para recebê-los. "O
socialismo está dando certo na Venezuela. Todos estão pobres e sem
liberdade", disse o presidente, que garantiu ter assumido o Brasil para
reconquistar a confiança do mundo, diminuir o desemprego e a violência.
Amazônia
Após quase sete minutos de discurso, o presidente falou
sobre a Amazônia. Ele garantiu que o clima seco favorece queimadas e que parte
delas são realizadas por índios e moradores locais. "Meu governo tem
um compromisso solene com a preservação do meio ambiente",
pontuou.
Em seu discurso, Bolsonaro também disse que a mídia
internacional era responsável por divulgar grandes falácias, repreendendo a
imprensa. "É uma falácia dizer que a Amazônia é um
patrimônio da humanidade", disse.
Ele disse, ainda, que uma liderança indígena não
pode representar todos os índios brasileiros. "O Brasil agora tem um
presidente que se preocupam com aqueles que lá estavam antes da chegada dos
portugueses. O índio não quer ser latifundiário pobre em cima de terra
rica". A preocupação de ONGs e de outras pessoas com os índios, segundo
Bolsonaro, tem relação com a quantidade de metais preciosos presentes em
algumas das reservas.
Ao longo do discurso, o presidente convidou o público a
visitar o Brasil e principalmente a Amazônia. "Ela não está sendo
devastada nem consumida pelo fogo como diz, mentirosamente, a mídia",
falou.
Elogios a Moro
A violência também foi tema da fala de Bolsonaro,
que também falou sobre direitos humanos. "O Brasil reafirma seu
compromisso intransigente com os mais altos padrões de direitos humanos, com a
defesa da democracia e liberdade de expressão, religiosa e de imprensa",
afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro ainda falou que o Brasil não terá mais espaço para
"terroristas", citou a extradição de Cesare Battisti e exaltou o
ministro Sérgio Moro. "Em meu País tínhamos que fazer algo sobre os quase
70 mil homicídios (...) Nós, policiais militares, éramos alvos preferenciais do
crime", disse. Dados sobre apreensões de drogas foram expostos, assim como
liberação de vistos para países como Canadá, Japão e Estados Unidos.
Ao encerrar o discurso, Bolsonaro tocou novamente na
ideologia e em questões constantemente faladas durante a sua campanha, como
identidade de gênero. "Estamos preparados para assumir as
responsabilidades que nos cabem no sistema internacional. Durante as últimas
décadas nos deixamos seduzir, sem perceber, por sistemas ideológicos de
pensamento que não buscavam a verdade, mas o poder absoluto", contou.
O atentado sofrido por ele em setembro de 2018 também foi
lembrado no palanque enquanto Bolsonaro falava de Deus e da
"ideologia". "Só sobrevivi por um milagre de Deus. Mais uma vez
agradeço a Deus pela minha vida", contou o presidente, que ainda citou um
trecho da bíblia no fim da sua fala.