Manifestação pró-democracia em Manaus pede afastamento de Bolsonaro
Sem estimativas oficiais participantes estimaram cerca de 2 mil manifestantes presentes no pico da passeata na Djalma Batista
Manaus - Pela democracia, contra o fascismo, o racismo
e atitudes do presidente da República, Jair Bolsonaro, e de seus aliados contra
os poderes constituídos, estudantes de Manaus se uniram para uma caminhada
pacífica, na avenida Djalma Batista, na tarde desta terça-feira (2). Realizada
por manifestantes do movimento “Amazonas pela Democracia”, em meio a gritos e
palavras de ordem, a manifestação pediu o afastamento de Bolsonaro.
Sem estimativas oficiais da Polícia Militar nem dos organizadores, participantes estimaram participação de, aproximadamente, 2 mil pessoas. Um dos líderes do movimento, o estudante Matheus Castro, 20 anos, disse que o protesto articulado pelas redes sociais, tomou a avenida de forma espontânea. Ele avaliou que é possível dizer que hoje se vive um momento histórico, em que há por parte do presidente da República e aliados, tentativas claras de golpe contra os poderes que constituem a democracia

“Presidente e aliados tem atentado constantemente contra
a democracia. Por conta disso, estamos vivendo um momento conturbado no país. Mas
atos como esse (de ontem) são essenciais para que a nossa democracia seja
protegida. Vamos continuar dialogando por meio das redes sociais para definir o
futuro do movimento. De antemão, os estudantes estarão em defesa da democracia
como sempre estiveram”, explicou Castro.
A manifestante Maria Luíza, de 23 anos, disse que os excessos do presidente Bolsonaro não podem ser tolerados pelos brasileiros. “Bolsonaro tem falado como se representasse a maioria da população. Eu não tenho dúvidas de que muitos que votaram nele, estão arrependidos. A democracia tem que ser preservada, independente do que ele (presidente) acha adequado. As pessoas estão cansando desse tipo de comportamento, por isso estamos nas ruas”, comentou.

Legitimidade política
Um grupo de advogados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM) também esteve presente na manifestação para garantir que não houvesse qualquer tipo de excesso em caso de intervenção policial. Segundo o advogado Marcelo Amil, ligado ao PCdoB, o ato possui legitimidade política, e não fere qualquer lei ou representa ameaça à sociedade.
“Independente de ser político ou não (em referência a
ele), eu estaria participando desse ato pela democracia. Temos advogados,
estudantes, professores, desempregados e todo mundo que acha que deveria
acontecer algumas coisas diferentes do que vem acontecendo no Brasil agora.
Estou como cidadão e advogado para dar suporte a essa manifestação legitima que
está acontecendo e garantir a paz”, afirmou Amil.
O delegado João Victor Tayah, filiado ao PT, observou que
provocações de grupos contrários ao movimento, que divulgaram informações para
intimidar o manifesto, não foram bem-sucedidas. “Sabem quantos responderam às
provocações? Ninguém! Não conseguiram atribuir a nós nenhuma das acusações
injustas que vinham promovendo ao longo da semana. Para a infelicidade dos
fascistas, foi um ato lindo, organizado, legítimo e pacífico, que contou com
milhares de pessoas. Sabem por quê? Porque a violência vem do fascismo, não de
nós. Violência contra negros, mulheres, índios, LGBTs, trabalhadores e pobres.
Os antifascistas não promovem a violência. Pelo contrário, frequentemente são
vítimas dela”, disse.
Pelo Twitter, o deputado federal Marcelo Ramos (PL), que
tem criticado a postura do governo Bolsonaro, se manifestou favorável a
manifestação em Manaus. “Hoje milhares de jovens tomaram as ruas de Manaus em
defesa da Democracia e contra o racismo. A grande maioria do povo brasileiro
abomina o autoritarismo e o preconceito. Parabéns a juventude manauara pela
bela e pacífica manifestação democrática e cidadã”, disse.
Antifascistas

Durante a manifestação, várias pessoas carregavam cartazes com frases de protesto contra o racismo, como faixas de “Vidas negras importam” e “Não consigo respirar, em alusão à Floyd George, jovem negro morto durante uma ação truculenta da polícia americana. Segurando uma delas, estava um dos jovens que integra o movimento antifascista, que preferiu não se identificar, afirma que o grupo participou de maneira pacífica, no entanto ressalta que não admitiria ataques de infiltrados.
“O movimento antifascista tem ganhado mais força, mas
isso não quer dizer que queremos acabar com o Brasil, ou nada do tipo, essas
coisas são ditas por oposicionistas, que feito de tudo para nos criminalizar.
Queremos mostrar à sociedade que, se negros, brancos e pardos juntos, são
capazes de combater o racismo, a xenofobia e o autoritarismo que o presidente
tem incitado. Nós não vamos causar baderna, mas iremos reagir à violência se
for necessário. O Brasil é maior que o Bolsonaro”, completa.