'As pessoas ainda não nos conhecem, mas vão conhecer', diz Romero Reis
Amigo de Bolsonaro desde os anos 1980, Romero não tem a certeza que ganhará apoio do colega da época de paraquedismo
Manaus - Membro da Academia Militar dos Agulhas Negras (Aman) na adolescência, o hoje empresário do ramo da construção civil Romero Reis é o nome do partido Novo, em Manaus, na corrida pela sucessão do prefeito Arthur Neto (PSB), nas eleições municipais deste ano. Com discurso de mudança, aos 59 anos, é a primeira vez que o dono da RD Engenharia, amigo do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), desde os anos 1980, está pré-candidato a um cargo político.
Romero que foi filiado ao Partido Social Liberal (PSL) em
apoio à candidatura de Bolsonaro nas eleições gerais de 2018, não tem a certeza
de que ganhará nessa eleição o apoio do amigo que conheceu na Brigada
Paraquedista do Rio de Janeiro. Experiente no mundo corporativo, Reis que é vice-presidente
do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico da Cidade
de Manaus (Codese) espera desenvolver um plano para a capital amazonense. Leia
mais na entrevista exclusiva ao EM TEMPO.
Eu acredito que as pessoas só devem formar pontos de vista se conhecer aquilo que ela está querendo emitir opinião. Eu tenho certeza, que no momento em que as pessoas conhecem os propósitos do Novo elas vão perceber que não temos nada de elitista "
Romero Reis, pré-candidato a prefeito de Manaus, sobre o partido que está filiado
EM TEMPO - É a sua primeira candidatura no mundo
político. Como foi o processo até tomar essa decisão?
Romero Reis - Em 2018, eu fui convidado por outros partidos a ser candidato para governador do Estado e eu achei que não era o momento adequado, mas depois eu me preparei e escolhi ir para o partido Novo, que tem um procedimento próprio. Para ser candidato é necessário ser filiado ao partido e passar por um processo seletivo. Muitos filiados passaram por esse processo e ao final houve a minha escolha que foi motivo de muita satisfação para mim ser escolhido pelo partido para representa-lo.
EM TEMPO – O senhor é o primeiro candidato do partido
Novo para candidatura majoritária em Manaus. Isso faz do senhor um novo nome na
política amazonense?
Romero Reis - A sociedade de maneira geral costuma dizer que os políticos estão errados, praticam ações que não são corretas e alimentam a corrupção de uma certa forma e a melhor maneira que você tem de combater tudo isso é fazer tudo de uma maneira limpa e transparente. Não adianta só ter capacidade e competência. Você tem que ter liderança e boa-fé naquilo que será feito e é isso que transforma. Nosso partido acredita que o indivíduo é um grande agente gerador de riqueza e transformação e é nesse sentido que queremos nos colocar. Hoje eu sou pré-candidato e serei candidato a partir do momento que a convenção for efetivada, mas a maneira que queremos mudar a cidade é através do processo político.

EM TEMPO - O Novo é considerado um partido de elite. O
senhor acredita que isso possa prejudicar a sua candidatura?
Romero Reis - De maneira nenhuma. Eu acredito que as pessoas só devem formar pontos de vista se conhecer aquilo que ela está querendo emitir opinião. Eu tenho certeza, que no momento em que as pessoas conhecem os propósitos do Novo elas vão perceber que não temos nada de elitista. Defendemos fazer o certo pelo certo. Essa é a grande visão do partido e o exemplo de sucesso é o que o governador Romeu Zema está fazendo em Minas Gerais, um home bem-sucedido, que está colocando seu bem mais precioso que é o seu tempo em benefício do estado, recuperando as dívidas e mostrando como se faz gestão pública de verdade, aplicando o que se vive na iniciativa privada. Sabemos que Manaus tem mais de um milhão de pessoas com renda muito baixa, sem esgoto, água tratada, educação de qualidade e transporte coletivo. A gente quer comunicar a solução desses problemas.
EM TEMPO - O senhor chegou a desistir da candidatura em
dezembro. O que o fez voltar atrás na decisão e colocar seu nome como
pré-candidato novamente?
Romero Reis - Na verdade eu não desisti, apenas repensei meu planejamento no final do ano. Era um momento de Natal e Ano Novo, onde eu resolvi repensar minha estratégia e com o início de 2020 agilizamos o processo político de tal forma que eu pude ser escolhido como pré-candidato do partido, e se Deus quiser, agora dia 12 de setembro vai haver a convenção municipal e se eu for declarado candidato, nós vamos apresentar uma proposta competente.
As pessoas ainda não nos conhecem, mas ao longo do processo eleitoral vão conhecer e poder comparar com quem está aí. Vão poder fazer uma avaliação de se questionar qual o verdadeiro proposito da nossa pré-candidatura, que é servir Manaus "
Romero Reis, pré-candidato a prefeito de Manaus, sobre o seu nome para o eleitorado
EM TEMPO - Com pouco mais de um ponto nas últimas pesquisas
eleitorais, o senhor acredita que existe um cenário para que seja eleito prefeito
de Manaus?
Romero Reis - As pesquisas também mostram que mais de 70% não sabem em quem vão votar e o fato de eu ter um baixo índice de intenção de votos revela a enorme capacidade de crescimento que nós temos. As pessoas ainda não nos conhecem, mas ao longo do processo eleitoral vão conhecer e poder comparar com quem está aí. Vão poder fazer uma avaliação de se questionar qual o verdadeiro proposito da nossa pré-candidatura, que é servir Manaus de uma forma ética e com boa-fé, bem diferente das administrações que existem na cidade.
Temos um relacionamento profissional que vem desde a década de 80 e eu não tenho dúvida nenhuma que nós seguimos os mesmos passos, ou seja, desejamos servir ao país, cumprir as leis "
Romero Reis, pré-candidato a prefeito de Manaus, sobre a sua relação com Bolsonaro
EM TEMPO - O senhor fala de uma amizade com o presidente
Bolsonaro. O senhor acredita que o presidente possa apoiá-lo, mesmo já tendo
declarado que não vai apoiar ninguém no primeiro turno?
Romero Reis - Quem pode falar pelo presidente Bolsonaro é ele. Eu o conheci quando ele era tendente na brigada paraquedista no Rio de Janeiro, quando fui fazer um curso e ele servia na unidade. Temos um relacionamento profissional que vem desde a década de 80 e eu não tenho dúvida nenhuma que nós seguimos os mesmos passos, ou seja, desejamos servir ao país, cumprir as leis, promover o crescimento saudável, educação de qualidade, saúde, transporte e saneamento básico. Afinal, como pode Manaus ter apenas 12% de saneamento básico? É um absurdo, inclusive comemoramos muito o fato da aprovação do marco regulatório de saneamento básico ter sido sancionado pelo presidente.
EM TEMPO - O senhor era filiado ao PSL em 2018 e saiu
alegando que sua lealdade ao presidente Bolsonaro era inegociável. Bolsonaro
concordou com a sua pré-candidatura frente ao Novo?
Romero Reis - Eu vejo que o presidente não tem divergência alguma ao partido, pelo contrário, o Novo é o que mais vota na base do governo então isso mostra um alinhamento muito grande, pois o partido não defende pessoas, ele defende causas. Pode vir um projeto de lei da esquerda radical, é muito difícil vir algo bom de lá, mas se sair e ela realmente trazer algum benefício às pessoas em geral, o partido votará a favor. Nós não queremos fazer distinção de ideologia, afinal cada um tem a sua ideologia, nós por exemplo somos liberais na área econômica e conversadores nos costumes.

EM TEMPO - O senhor defende algumas mudanças do Código
Florestal como a revisão das áreas de preservação (APP). Manaus seria
beneficiado com essa mudança?
Romero Reis - O artigo 4 do Código Florestal trata da definição dos limites das áreas de preservação permanente. Uma cidade como Manaus que tem um rio com mais 600 metros de largura ter uma APP de 500 metros é um absurdo. Isso praticamente sentencia a cidade a impedir seu desenvolvimento junto ao rio. Você pode andar no mundo todo e verá que muitas cidades tem a convivência perfeita entre as edificações a beira dos mares e da costa. Então uma das leis federais que precisam ser revistas é o Código Florestal e eu sempre defendi isso.
Acredito que as pessoas de bem tem o direito de ter arma em casa para defender a sua família e sua vida. Por isso nós defendemos uma guarda municipal treinada e armada, para que ela possa contribuir com a segurança "
Romero Reis, pré-candidato a prefeito de Manaus, sobre armamento da Guarda Municipal
EM TEMPO - O senhor também defende o armamento da Guarda
Municipal. Como essa mudança pode beneficiar a capital sem gerar mais
criminalidade?
Romero Reis - Eu sou a favor do armamento. Acredito que as pessoas de bem tem o direito de ter arma em casa para defender a sua família e sua vida. Por isso nós defendemos uma guarda municipal treinada e armada, para que ela possa contribuir com a segurança do patrimônio municipal e junto as escolas e no circuito turístico de Manaus para que os visitantes e moradores tenham uma visão segura da cidade.
EM TEMPO - Quais seriam as alternativas para melhorar o
saneamento básico, educação, saúde e segurança da cidade?
Romero Reis - Somos favoráveis que a iniciativa privada que tenha condições para executar suas atividades. Uma economia forte passa por uma economia de mercado, então o Estado deve se preocupar com saúde, segurança e educação. Outras coisas têm que usar a iniciativa privada. Empresa estatal só serve como cabide de emprego e tira a capacidade de investimento das prefeituras e do governo de uma maneira geral. Somos defensores que só podem ocupar as posições de proprietários pessoas que estejam habilitadas para isso. Uma forma disso é o transporte coletivos. Temos que ter uma relação entre o executivo municipal e os donos das companhias de ônibus que são estabelecidos por meio de contrato, onde eles devem cumprir seus direitos e deveres. Caso eles não cumpram seus deveres não podem ter acesso aos seus direitos e nesse momento o contrato deve ser reincidido e buscar uma companhia melhor que preste os serviços à população.
EM TEMPO - Em um cenário que a Zona Franca de Manaus está
sendo ameaçada pela Reforma Tributária, qual o seu olhar sobre o modelo
econômico?
Romero Reis - Eu sempre defendi que a Zona Franca
deveria ser do Brasil e não de Manaus. A Suframa nunca soube administrar essa
venda nacional da ZFM. Os nossos governantes também não. Precisamos dizer que
dos 500 mil empregos diretos que o modelo cria, 250 mil estão lá no estado de
São Paulo fabricando insumos para as indústrias usarem aqui. Além do mais, o
modelo abre mão de valores que só iam entrar no caixa da união quando for
produzido e tem um retorno para o caixa de R$ 78 centavos em cima dos impostos
ligados à produção. Então precisamos sair da nossa zona de conforto e buscar
outras alternativas econômicas.