União Europeia alerta para alto risco das mutações do novo coronavírus
Centro de Prevenção e Controle de Doenças Europeu (ECDC), ligado à União Europeia (UE), anunciou nesta quinta-feira que as mutações do novo coronavírus encontradas no Brasil, Reino Unido e na África do Sul representam um "alto risco" para a Europa em razão de sua maior transmissibilidade

ESTOCOLMO — O Centro de Prevenção e Controle de Doenças Europeu (ECDC), ligado à União Europeia (UE), anunciou nesta quinta-feira que as mutações do novo coronavírus encontradas no Brasil, Reino Unido e na África do Sul representam um "alto risco" para a Europa em razão de sua maior transmissibilidade em relação às demais linhagens do patógeno. "Baseado nas novas informações, o risco associado à introdução e à transmissão comunitária destas variantes preocupantes foi alterado para alto/muito alto", disse o ECDC em um comunicado.
As variantes, que contêm mutações-chaves na proteína S do Sars-CoV-2, que infecta as células humanas para se replicar, já foram detectadas em vários países da Europa, segundo o órgão.
"Nós estamos observando as situações epidemiológicas se deteriorando em áreas onde as variantes do Sars-CoV-2 se tornaram presentes", afirmou Andrea Ammon, diretor do ECDC, em um comunicado.
Aumento de hospitalizações
Segundo Ammon um número crescente de infecções levarão a um aumento de hospitalizações e taxas de óbitos ao longo de todas as faixas etárias.
Na avaliação do centro, os países-membros da UE devem se preparar para uma futura escalada na demanda nos sistemas de saúde de toda Europa.
O Reino Unido vetou a entrada de viajantes com origem no Brasil e outros países da América Latina, além de Portugal, e alguns países da UE consideram adotar medidas similares.
O ECDC recomendou que apenas viagens essenciais sejam mantidas e urgiu para que governos europeus acelerem a campanha de vacinação para os grupos de alto risco.
A mutação britânica, denominada N501Y, pode tornar o vírus mais transmissível, levar a reinfecções e ainda prejudicar a eficácia das vacinas, segundo estudos preliminares.
Já a brasileira, chamada E484, foi identificada no Rio de Janeiro e em variantes em Manaus, como a identificada em japoneses que estiveram no Amazonas. Ela altera o RDB, o ponto da proteína S em que o Sars-CoV-2 se liga às células humanas.
Na última quarta-feira, especialistas de três universidades sul-africanas ligados ao Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD) publicaram um estudo no repositório bioRxiv que alerta para a possibilidade de a variante sul-africana do Sars-CoV-2 evitar a ação de anticorpos que a atacam em tratamentos com plasma sanguíneo de pacientes previamente recuperados e reduzir a eficácia da atual linha de vacinas.
Os pesquisadores agora tentam definir se as vacinas que estão sendo lançadas em todo o mundo são eficazes contra a chamada variante 501Y.V2. Estima-se que a 501Y.V2 seja 50% mais infecciosa do que as anteriores.
Ela já foi identificada em pelo menos 20 países desde que foi relatado à Organização Mundial da Saúde (OMS) no final de dezembro.
A variante sul-africana é tida como o principal gatilho da segunda onda de infecções por Covid-19 na África do Sul, que atingiu um pico diário acima de 21 mil novos casos em 24 horas no início deste mês, muito acima da primeira onda.
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